Pesquisa mostra que maioria dos jovens mineiros não lê livros, não pratica esportes e não vai ao cinema. E 55,5% declararam que não se interessam nem pela Internet
Jornal Estado de Minas, Sexta-feira, 29 de outubro de 2010, por Luciane Evans
Em plena era da informação globalizada e do mundo digital, inédita Pesquisa por Amostra de Domicílios (PAD-MG) da Fundação João Pinheiro escancara uma realidade cruel para as novas gerações mineiras. Dos 3,6 milhões de jovens do estado, entre 14 e 24 anos, 63% declararam não ler livros, 52,7% não praticam esportes, 70% não vão ao cinema e 60,9% não frequentam shoppings. O mais assustador é que a tão popularizada internet está ausente da vida de mais da metade desse público, 55,5%.
Se a cultura e o lazer estão fora do cotidiano dessa parcela da população, a educação vai pelo mesmo caminho. De acordo com o estudo, o analfabetismo atinge 9,2% dos moradores do estado, ou seja, um contingente de 1,478 milhão de pessoas. Na saúde, as mulheres estão adoecendo mais do que os homens. Num universo de 5 milhões de mineiros portadores de doenças crônicas, aquelas que exigem acompanhamento constante atingem 31,8% da população feminina e 22,3% dos homens.
Se houvesse uma aposta para saber onde vivem esses jovens que não abrem livros, não praticam esportes ou que não frequentam shoppings, muitos diriam que eles estão nas áreas rurais, bem longe dos grandes centros ou em condições de extrema pobreza. Mas a PAD visitou 17 mil domicílios, sendo apenas 16,7% deles na zona rural do estado. Os irmãos Elton Júnior Pereira Alves, de 23, e Cristiano, de 21, comprovam os dados. Moradores da Região da Pampulha, em Belo Horizonte, os dois não leem – nunca ouviram falar em Machado de Assis e muito menos em Carlos Drummond de Andrade.
Cristiano nem sequer conhece uma sala de cinema. Já Elton conta, entusiasmado, que este ano foi pela primeira vez assistir a um filme. “O único livro que li ultimamente foi para tirar carteira de moto, era sobre legislação”, confessa o mais velho. Apesar de verem os amigos ligados nas rede sociais, como Orkut e Facebook, eles não acham graça nessa “tal navegação virtual”. “Computador é um negócio que queima os neurônios”, diz Elton. Ele conta que até tentou aprender a mexer na máquina, mas, definitivamente, não gosta dela. Cristiano é mais radical, nunca nem quis chegar perto.
Mas o que faz a juventude de hoje? Segundo a pesquisa, as práticas mais comuns para os jovens são as visitas a amigos e passeios ao ar livre. As cerimônias religiosas também entram no ranking. No entanto, a paixão dos irmãos Elton e Cristiano é pescar na Lagoa da Pampulha. Além disso, confessam que o “barato mesmo” é ver televisão. Eles não fogem à regra. De acordo com a pesquisa, 80% dos jovens mineiros ainda são, como seus pais, viciados em TV. Lazer, somente quando os dois não estão no trabalho. São funcionários da Copasa e contam que largaram a escola na 8ª série. Elton diz que os colégios são bons para quem quer aprender e tem interesse. “Tive que parar com os estudos. A responsabilidade bateu na minha porta cedo, tive filhos e comecei a trabalhar”, lembra Cristiano, que reflete outra realidade da juventude.
Segundo a amostra, entre aqueles de 14 e 17 anos que, em 2009, eram 1,3 milhão, 40% disseram ter abandonado a sala de aula por não gostar ou não querer. Em segundo lugar, aparecem aqueles que precisam trabalhar ou ajudar os pais: 20%. “Mas vale registrar que 27,9% dos jovens acham que a escola não ajuda a resolver problemas do cotidiano”, diz o texto da pesquisa.
Se a cultura e o lazer estão fora do cotidiano dessa parcela da população, a educação vai pelo mesmo caminho. De acordo com o estudo, o analfabetismo atinge 9,2% dos moradores do estado, ou seja, um contingente de 1,478 milhão de pessoas. Na saúde, as mulheres estão adoecendo mais do que os homens. Num universo de 5 milhões de mineiros portadores de doenças crônicas, aquelas que exigem acompanhamento constante atingem 31,8% da população feminina e 22,3% dos homens.
Se houvesse uma aposta para saber onde vivem esses jovens que não abrem livros, não praticam esportes ou que não frequentam shoppings, muitos diriam que eles estão nas áreas rurais, bem longe dos grandes centros ou em condições de extrema pobreza. Mas a PAD visitou 17 mil domicílios, sendo apenas 16,7% deles na zona rural do estado. Os irmãos Elton Júnior Pereira Alves, de 23, e Cristiano, de 21, comprovam os dados. Moradores da Região da Pampulha, em Belo Horizonte, os dois não leem – nunca ouviram falar em Machado de Assis e muito menos em Carlos Drummond de Andrade.
Cristiano nem sequer conhece uma sala de cinema. Já Elton conta, entusiasmado, que este ano foi pela primeira vez assistir a um filme. “O único livro que li ultimamente foi para tirar carteira de moto, era sobre legislação”, confessa o mais velho. Apesar de verem os amigos ligados nas rede sociais, como Orkut e Facebook, eles não acham graça nessa “tal navegação virtual”. “Computador é um negócio que queima os neurônios”, diz Elton. Ele conta que até tentou aprender a mexer na máquina, mas, definitivamente, não gosta dela. Cristiano é mais radical, nunca nem quis chegar perto.
Mas o que faz a juventude de hoje? Segundo a pesquisa, as práticas mais comuns para os jovens são as visitas a amigos e passeios ao ar livre. As cerimônias religiosas também entram no ranking. No entanto, a paixão dos irmãos Elton e Cristiano é pescar na Lagoa da Pampulha. Além disso, confessam que o “barato mesmo” é ver televisão. Eles não fogem à regra. De acordo com a pesquisa, 80% dos jovens mineiros ainda são, como seus pais, viciados em TV. Lazer, somente quando os dois não estão no trabalho. São funcionários da Copasa e contam que largaram a escola na 8ª série. Elton diz que os colégios são bons para quem quer aprender e tem interesse. “Tive que parar com os estudos. A responsabilidade bateu na minha porta cedo, tive filhos e comecei a trabalhar”, lembra Cristiano, que reflete outra realidade da juventude.
Segundo a amostra, entre aqueles de 14 e 17 anos que, em 2009, eram 1,3 milhão, 40% disseram ter abandonado a sala de aula por não gostar ou não querer. Em segundo lugar, aparecem aqueles que precisam trabalhar ou ajudar os pais: 20%. “Mas vale registrar que 27,9% dos jovens acham que a escola não ajuda a resolver problemas do cotidiano”, diz o texto da pesquisa.
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